Pesquisar
Feche esta caixa de pesquisa.

Policiais

Estudo aponta vulnerabilidades socioeconômicas de órfãos do feminicídio

Publicado em

A perda da mãe por feminicídio influencia diretamente em casos de depressão e baixa autoestima dos órfãos | Foto: Vinicius de Melo/ Secretaria da Mulher

Segundo pesquisa inédita da SSP-DF, famílias com vítimas apresentam renda per capita menor do que a média e são sobrecarregadas psicologicamente. Mapeamento vai embasar políticas públicas no DF

Catarina Loiola, da Agência Brasília | Edição: Vinicius Nader

Advertisement
Nos últimos oito anos, pelo menos 320 pessoas ficaram órfãs no Distrito Federal devido a feminicídios. A perda da mãe por violência de gênero gera impactos profundos na vida do filho, independentemente da idade. A Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) realizou uma pesquisa com 18 órfãos, com o objetivo de rastrear as principais vulnerabilidades socioeconômicas e emocionais desse público e nortear a formulação de novas políticas públicas. A análise será publicada em breve pela pasta.

‌Os resultados apontam que as unidades familiares com órfãos de feminicídio apresentam renda per capita menor em relação ao restante da população do DF. O estudo verificou que a renda per capita desses lares é de R$ 900 – três vezes menor do que a renda per capita do Distrito Federal, que é de R$ 2.913, conforme o Censo de 2022. Também é menor do que a renda per capita do país, que é de R$ 1.625.

A pesquisa comprova, portanto, a importância do Programa Acolher Eles e Elas, auxílio financeiro a órfãos do feminicídio. A medida pioneira no país foi publicada no Diário Oficial do Distrito Federal em 4 de setembro e deve atingir, inicialmente, pelo menos 200 pessoas. O pagamento será de um salário mínimo (R$ 1.320) por criança ou adolescente, de acordo com a disponibilidade orçamentária. As despesas do programa vão sair do orçamento da Secretaria da Mulher do Distrito Federal (SMDF).

Advertisement

“A SSP tem entre suas missões a elaboração de estudos, relatórios e diagnósticos para subsidiar políticas públicas de segurança que se estendem a outras áreas de governo, reforçando nosso compromisso com a integração e integralidade em nossas ações”, pontua o titular da pasta, Sandro Avelar. “Esse estudo é extremamente importante para que se tenham diagnósticos mais precisos sobre a realidade dessas crianças e jovens, que infelizmente perdem, de forma repentina, a convivência com a mãe, que é vítima, e com o pai, que na maior parte dos casos é preso ou tira a própria vida”, acrescenta o secretário.

Os resultados são considerados preliminares, mas já servem para embasar novos meios de proteção aos órfãos e a criação de um modelo para o atendimento em rede dos casos de forma individualizada, conforme avalia o coordenador de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas da SSP, tenente-coronel Isângelo Senna. “Com o relatório, temos dois objetivos, que fazem parte do escopo de atuação da secretaria, que é prevenir novos feminicídios e evitar que os órfãos desse crime sigam uma carreira criminal”, afirma.

“Esse estudo é extremamente importante para que se tenham diagnósticos mais precisos sobre a realidade dessas crianças e jovens, que infelizmente perdem, de forma repentina, a convivência com a mãe, que é vítima, e com o pai, que na maior parte dos casos é preso ou tira a própria vida”Sandro Avelar, secretário de Segurança Pública

Também houve a avaliação da relação dos órfãos com a escola, os hábitos e a autoestima do público-alvo. Foi encontrado um maior impacto do feminicídio na autoestima das órfãs em relação aos órfãos. Em um dos casos, a perda da mãe influenciou diretamente no desenvolvimento de depressão e baixa autoestima.

Advertisement

‌“O órfão é retirado do lar original, perde a mãe, muitas vezes, o pai também. O impacto na vida dessa pessoa é muito grande. Do outro lado, o familiar que recebe o órfão precisa se adaptar àquela nova realidade, com uma criança a mais. O impacto na renda é enorme”, avalia o tenente-coronel. Além disso, conforme o estudo, os responsáveis pelos órfãos também reconhecem que sofreram impacto psicológico devido à perda da vítima, mas que, na maioria dos casos, não tiveram acesso a tratamento psicológico.

O estudo

Foram entrevistados 18 órfãos, sendo 12 meninos e 6 meninas

Inédita na capital federal, a pesquisa de natureza qualiquantitativa foi realizada entre setembro e novembro de 2022 seguindo roteiro semiestruturado. Foram entrevistados 18 órfãos, sendo 12 meninos e 6 meninas. À época da pesquisa, oito entrevistados tinham menos de 9 anos – sendo o mais novo com 2 anos, sete tinham de 10 a 18 anos e três já eram maiores de 18 anos – sendo que o mais velho tinha 24 anos.

Advertisement

‌Também participaram 13 responsáveis pelos órfãos, com idade média de 42,6 anos – nove mulheres e quatro homens. Quando responderam ao estudo, cinco estavam casados e seis solteiros. Sete completaram o ensino médio, quatro chegaram só até o ensino fundamental e dois concluíram o ensino superior. Em relação ao parentesco, quatro do total de entrevistados eram filhos das vítimas de feminicídio. Outros quatro eram mãe ou pai da mulher assassinada.

O auxílio

Para receber o auxílio a órfãos do feminicídio, serão observados alguns requisitos: ter ficado órfão em decorrência de feminicídio, ser menor de 18 anos ou estar em situação de vulnerabilidade até os 21 anos, residir no DF por, no mínimo, dois anos e comprovar estar em situação de vulnerabilidade econômica.

Advertisement

O programa está em fase de regulamentação. “Cuidar e oferecer suporte àqueles que se tornam órfãos devido à violência de gênero é uma prioridade urgente. Isso implica não apenas na prestação de ajuda imediata, mas também no compromisso contínuo de construir uma sociedade mais segura e igualitária, em que a violência de gênero seja prevenida e erradicada”, enfatiza a secretária da Mulher, Giselle Ferreira. “Como governo, reconhecemos a importância de garantir que essas pessoas tenham acesso a recursos essenciais, como habitação, alimentação e educação. Assim, estamos criando caminhos seguros com perspectivas de um futuro melhor”, finaliza.

‌Como denunciar violência contra a mulher

A Delegacia Especializada da Mulher é um dos locais que acolhem as vítimas de feminicídio | Foto: Divulgação/ SSP-DF

⇒ Ligue 190 – PMDF – Em caso de emergência, a mulher ou alguém que esteja presenciando alguma situação de violência pode pedir ajuda por meio do telefone 190. Uma viatura da Polícia Militar é enviada imediatamente até o local para o atendimento. Disponível 24 horas por dia, todos os dias. A ligação é gratuita.

⇒ Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher – O serviço registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgãos competentes, bem como reclamações, sugestões ou elogios sobre o funcionamento dos serviços de atendimento. A denúncia pode ser feita de forma anônima, disponível 24 horas por dia, todos os dias. A ligação é gratuita.

Advertisement

⇒ Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) – Diante de qualquer situação que configure violência doméstica, a mulher deve registrar a ocorrência em uma delegacia de polícia, preferencialmente nas Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (Deam), que funcionam 24 horas por dia, todos os dias. Os canais de comunicação também podem ser os telefones de plantão – (61) 3207- 6172/ 3207- 6195 – e o e-mail deam_sa@pcdf.df.gov.br

⇒ Ligue 197 – Disque Denúncia – A Polícia Civil do Distrito Federal conta, ainda, com canais de denúncia nos quais são garantidos o sigilo. Além do Disque 197, a denúncia pode ser comunicada por e-mail: denuncia197@pcdf.df.gov.br, por WhatsApp (61) 98626-1197, ou ainda registrada online neste site. Os canais estão disponíveis 24 horas por dia, todos os dias. A ligação é gratuita.

Veja outros canais de denúncia de violência de gênero aqui.

Advertisement
COMENTE ABAIXO:
Leia Também:  Sociedade luverdense assina manifesto pelo fim da violência doméstica e feminicídio

Policiais

Ações educativas do Detran-DF alcançam mais de 2 mil pessoas no fim de semana

Published

on

Equipes de educação estiveram presentes em parques, shoppings, bares e eventos comunitários em diversas regiões do Distrito Federal

Valquíria Cunha/Ascom Detran-DF

(Brasília, 16/06/25) – Entre sexta-feira (13) e domingo (15), o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) realizou uma série de ações educativas em diversas regiões administrativas do DF. As atividades têm o objetivo de promover um trânsito mais seguro, por meio da conscientização de condutores, pedestres e ciclistas.

Advertisement

As equipes da Diretoria de Educação de Trânsito (Direduc) marcaram presença em eventos como o Projeto Irriga DF, no Sol Nascente, e a ação Cuide-se Mais, em Planaltina. Também participaram da celebração dos 26 anos da Floresta Nacional de Brasília, em Taguatinga. Já no Gama, o projeto Detran nos Shoppings levou orientações aos frequentadores do centro comercial da região.

Em Águas Claras, os educadores promoveram a campanha voltada para Entregadores de Aplicativo, reforçando o uso de equipamentos de proteção e práticas responsáveis no trânsito.

A cidade de Brazlândia recebeu a ação Pneu Seguro, com verificação de pneus e distribuição de material informativo. No Jardim Botânico, o projeto Detran nos Parques abordou famílias e ciclistas com dicas de segurança e convivência pacífica nas vias.

Advertisement

Durante a noite, o Projeto Rolê Consciente foi realizado em bares de Taguatinga, onde os frequentadores foram alertados sobre os riscos da mistura de álcool e direção.

Leia Também:  Mulher é morta dentro de casa e corpo é encontrado pelo filho

Ao todo, as ações alcançaram 2.353 pessoas ao longo do fim de semana. Para a Diretora de Educação de Trânsito do Detran-DF, Ana Moreira, a diversidade dos eventos é fundamental para ampliar o alcance da mensagem educativa: “Estar presente em diferentes ambientes, de shoppings a parques, de eventos comunitários a bares, é uma forma estratégica de atingir públicos variados e sensibilizar para atitudes mais responsáveis no trânsito”, destacou Ana.

As atividades fazem parte do cronograma permanente da autarquia, que tem como foco a redução de acidentes e a preservação da vida no trânsito do Distrito Federal.

Advertisement

Fonte: Ascom Detran

COMENTE ABAIXO:
Continuar lendo

MULHER NA POLÍTICA

MULHER NA SAÚDE

MULHER SOCIAL

MULHER NO ESPORTE

MULHER CELEBRIDADE

MAIS LIDAS DA SEMANA