Policiais

Sensação de insegurança aumenta nas áreas rurais do Distrito Federal

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Gerente de uma distribuidora de bebidas em Brazlândia, Gabriela Alves, 21, presencia brigas e assaltos perto da loja – (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Moradores e comerciantes reclamam do pouco policiamento e demora para atendimento de chamados. PM registrou 5,1 mil casos entre janeiro e setembro, 36% a mais do que no mesmo período de 2022

Pedro Marra

A insegurança nas zonas rurais do Distrito Federal aumentou nos últimos dois anos, segundo relatos de comerciantes e produtores rurais ouvidos pela reportagem. As histórias contadas ao Correio acompanham os dados da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF), que registrou quase 34% mais prisões de maiores de 18 anos de janeiro a outubro de 2023 em comparação ao mesmo período do ano passado. O salto foi de 269 para 371 detenções. De acordo com a SSP-DF, o Batalhão Rural da Polícia Militar registrou 5,1 mil atendimentos, entre janeiro e setembro deste ano, número 36% superior ao computado nos primeiros nove meses de 2022, quando a corporação atendeu a 3,7 mil chamados.

A maior parte das ocorrências neste ano foi em Brazlândia (1,3 mil). Em seguida, Gama (1,1 mil), Ceilândia (981), Planaltina (639) e São Sebastião (538), conforme a PMDF. Segundo a SSP, os crimes de violência doméstica, ameaça e vias de fato apresentaram queda (veja quadro). Mas isso não minimiza o receio dos moradores. A reportagem percorreu o Núcleo Rural Alexandre Gusmão, em Brazlândia, localidade com o maior número de ocorrências.

Violência doméstica vem em primeiro, com 257 casos de janeiro a setembro deste ano. A sensação de falta de proteção é comum na região, onde Gabriela Alves, 21 anos, trabalha como gerente de uma distribuidora de bebidas. “Na frente da loja, sempre tem briga, assaltos à noite no ponto de ônibus próximo. Tenho receio de ficar sozinha porque aparecem muitos homens, e nunca nos sentimos 100% bem, porque, aqui na região, tem muito disso, de mulheres serem agredidas”, conta.

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As estatísticas da SSP confirmam o relato de Gabriela. Em segundo lugar, vem o crime de ameaça, com 173 casos. Logo depois, aparecem as vias de fato, 114. Apesar de a Secretaria de Segurança Pública afirmar que os crimes têm diminuído devido ao policiamento ostensivo, a comerciante cita a carência desse serviço na zona rural de Brazlândia. “Quase não fazem ronda aqui, somente de manhã cedo. Uma vez por semana já é muito. A gente tem grade e câmera, mas isso não intimida ninguém. Uma hora temos que sair, até porque vendemos gás e precisamos abrir o portão para entregar”, lamenta Gabriela.

Segundo Cristian Glays, 33, balconista de uma loja de produtos agropecuários no Núcleo Rural Alexandre Gusmão, os crimes de furtos e roubos também ocorrem com frequência na região. No ano passado, bandidos entraram pelo telhado da outra unidade da loja, em Brazlândia, e levaram produtos do estabelecimento. “Também roubaram o carro de um funcionário e queimaram o veículo (em uma área de mato)”, lembra. Cristian reclama da falta de agilidade da PMDF para atender os chamados. “Deveriam vir mais, porque eles só vêm quando ligamos. E demoram até 40 minutos para chegar”, critica o balconista.

Na região com mais casos notificados, o produtor rural Sandro de Souza Silva, 37, relata que sofreu furtos de bomba de alta pressão e de alimentos da horta dele, onde cultiva tomate, morango e pimentão. “O tomate estava com um preço alto e entraram aqui na minha chácara para furtar”, assinala. Neste ano, Sandro diz que viu motociclistas com atitude suspeita rondando as chácaras na hora do almoço, quando ele e os demais chacareiros costumam levar os filhos para a escola. “A gente informou a PM, porque é perigoso, e não sabemos quem é. Aqui tem pouca segurança. Vemos polícia uma vez no mês”, conta.

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O produtor rural mora com os filhos David Luiz, 4, Maria Heloísa, 12, e com a esposa Regina Célia Teixeira, 43, que está grávida de oito meses de Benjamim. A mãe das crianças afirma que os roubos ocorrem normalmente no início da tarde, quando os donos de chácaras vão almoçar e descansar. “Tem alguns casos em que arrombaram a porteira de vizinhos e levaram muitos pertences. Hoje em dia, ficamos preocupados, tanto que ninguém vai para o ponto de ônibus porque houve casos de adolescentes roubando celular das crianças”, ressalta.

  • Cristian Glays, balconista, diz que PM leva 40 minutos para atender chamados
    Cristian Glays, balconista, diz que PM leva 40 minutos para atender chamadosFotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • O produtor rural Sandro Silva e a esposa Regina Teixeira foram vítimas de furto
    O produtor rural Sandro Silva e a esposa Regina Teixeira foram vítimas de furtoMarcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • Cândido Pereira da Silva, 75, e a espoa Antônia Rodrigues da Silva, 67, sofreram furto na chácara onde moram, no Núcleo Rural Alexandre Gusmão
    Cândido Pereira da Silva, 75, e a espoa Antônia Rodrigues da Silva, 67, sofreram furto na chácara onde moram, no Núcleo Rural Alexandre GusmãoMarcelo Ferreira/CB/D.A Press

Efetivo

Em relação ao efetivo policial do Batalhão Rural da PMDF, a equipe é composta por 196 policiais militares. Desses, há 10 oficiais e 186 praças. Na avaliação do presidente da Associação Rural Gabriela Monteiro (Argam), Charles Costa, essa quantidade não é suficiente para atender ocorrências em tempo hábil no Núcleo Rural Alexandre Gusmão, onde há 7 mil moradores distribuídos em 22 chácaras. “A insegurança é muito grande, porque, às vezes, saem para comprar alguma coisa, voltam, e se deparam com furtos”, comenta o morador da região.

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Charles acredita que o efetivo insuficiente de policiais somado às rondas ostensivas que não dão conta das ocorrências dificulta o combate aos crimes na região. “Podia ter mais investimento no efetivo de policiais militares. Existe o Projeto Guardião Rural, em que colocam placa nas chácaras, mas tem um monitoramento que perde a sua característica por não acompanhar com rapidez. Até viaturas vindas de outras regiões chegarem aqui, o fato já ocorreu. A nossa ideia era de colocar um posto de saúde e policial na entrada da cidade. Mas como colocar se não há um efetivo grande?”, questiona.

Os aposentados Cândido Pereira da Silva, 75, e Antônia Rodrigues da Silva, 67, estão entre os moradores que já sofreram com a falta de rondas frequentes no Núcleo Rural Alexandre Gusmão. Há cinco anos, houve uma invasão. Os bandidos levaram roupas, bujão de gás, panela de pressão e uma TV de 52 polegadas, da qual eles ainda não tinham começado a pagar as prestações. “A televisão estava no valor de R$ 3 mil. A gente pagou sem usar”, lamenta Cândido.

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O casal registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil (PCDF), mas a investigação não deu em nada. “É muito complicado, porque os bandidos cometem crimes mais durante o dia do que à noite. Viram que a gente saiu para viajar e, quando chegamos, detectamos o furto. Seria bom fazerem uma ronda para melhorar a sensação de segurança para a gente”, pede Antônia.

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Mais comunicação

Membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), Cássio Thyone avalia que a zona rural propicia um isolamento para os moradores, o que facilita crimes patrimoniais. Mas ele pondera que esses cidadãos têm formas mais fáceis de comunicação com a PM. “As pessoas teriam um pouco mais de dificuldade relacionada a esse pronto atendimento se não houvesse os telefones celulares. Esses mecanismos têm colaborado para reduzir o que chamamos de subnotificação dos crimes”, analisa.

Apesar desse apoio da tecnologia, Cássio cita que é preciso ter planejamento por parte do policiamento, com patrulhamento aliado ao trabalho de inteligência da corporação. “Se percebe o aumento de uma ocorrência, há como aumentar a ronda naqueles determinados locais, com presença ostensiva no lugar e na hora certos. Sendo assim, cria-se um ambiente em que as pessoas se sentem mais seguras porque estão percebendo a presença da polícia”, conclui o especialista em segurança pública.

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Atendimento

A SSP-DF informa que o Batalhão Rural da PMDF registrou 5,1 mil atendimentos de ocorrências, entre janeiro e setembro deste ano, quantidade 36% maior do que em relação aos nove meses de 2022, quando foram atendidos 3,7 mil chamados para coibir crimes. Quando acionada, a Polícia Militar atua por meio do Batalhão de Policiamento Rural.

A corporação conta com o Projeto Guardião Rural, criado em 2018 para monitorar propriedades localizadas nas áreas de campo. Entre os menores de idade apreendidos pelo Batalhão Rural da PMDF, houve alta de 3 para 11 jovens de janeiro a outubro de 2023 em comparação com o mesmo período do ano passado.

Em nota, a Polícia Militar explica que o projeto é uma parceria com os moradores e produtores rurais. As áreas monitoradas são identificadas por meio de placas, que fazem uma advertência visual informando que a PM está em constante patrulhamento naquele local e que responderá prontamente a qualquer solicitação.

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Além desse reforço, segundo a PM, os donos de imóveis são incluídos em grupos no WhatsApp. Com as informações de cada propriedade, inclusive a localização georreferenciada, há uma maior agilidade no atendimento de emergências. A PMDF acrescenta que o Batalhão Rural é estruturado em três unidades, localizadas em Planaltina, Ceilândia e Gama, e a corporação também conta com o Batalhão da Polícia Militar Ambiental (BPMA).

Estatísticas

Crimes (janeiro a setembro)

Violência doméstica
2023: 257 casos
2022: 268 casos

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Ameaça
2023: 173
2022: 199

Vias de fato
2023: 114
2022: 131

Ocorrências por região

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Brazlândia – 1,3 mil
Gama – 1,1 mil
Ceilândia – 981
Planaltina – 639
São Sebastião – 538

Efetivo do Batalhão Rural da PMDF

196 policiais militares
10 oficiais
186 praças

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Canais de denúncia

Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF)

Disque 190

Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF)

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Denúncia on-line: www.pcdf.df.gov.br/servicos/197

E-mail: denuncia197@pcdf.df.gov.br

Telefone: 197, opção 0 (zero)

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WhatsApp: (61) 98626-1197

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Covarde”, diz ex-presidente de organizada do Sport sobre estupro

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Covarde”, diz ex-presidente de organizada do Sport sobre estupro

Um homem foi espancado e estuprado nas ruas do Recife (PE), neste sábado (1º/2), durante briga entre torcidas de Santa Cruz e Sport. O caso ocorreu momentos antes do Clássico das Multidões, no Arruda, pelo Campeonato Pernambucano. O episódio indignou Arthur Renato, ex-presidente da Torcida Jovem do Leão, que está afastado por envolvimento em ato violento.

“Quantas vezes presidentes, diretores, monitores e até mesmo integrantes de vocês já ficaram para trás? Nunca fizemos o que vocês fizeram. Aqui, somos homens e seguimos uma ideologia. Todos têm família, dignidade e responsabilidades”, afirma Renato, também conhecido como Major Renatinho pela torcida.As cenas de violência extrema ocorreram no bairro da Madalena, zona norte da capital pernambucana, antes do jogo entre Santa Cruz e Sport, que terminou em derrota do Leão. Nas imagens, é possível ver uma pessoa estirada nu na calçada enquanto é violentado por um homem com um bastão de ferro. O agressor está com o rosto coberto.
“Perder no meio da torcida faz parte para quem vive o ambiente das organizadas, isso é algo compreendido. No entanto, vocês, seus vermes, mancharam o verdadeiro significado de ser um torcedor organizado. Mancharam a ideologia e a própria existência das torcidas organizadas”, critica o ex-presidente da Jovem do Leão por meio de publicação nas redes sociais.
Não há informações sobre o estado de saúde da vítima, mas, segundo a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social de Pernambuco, não há registro de mortes.
Em outros registros feitos por locais é possível ver bombas e confusão generalizada entre torcedores das duas equipes. Segundo relato de civis, supermercados e lojas na região foram saqueadas.
Arthur Renato está afastado da torcida organizada por suposto envolvimento no atentado contra ônibus que levava a delegação do Fortaleza em fevereiro do ano passado. Na ocasião, seis jogadores ficaram feridos antes do jogo pela Copa do Nordeste.
Fonte:Metrópoles
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