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Artigo – Proibido, mas ainda presente: o desafio do uso do celular na escola e em casa

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Por Ana Claudia Favano, especialista em Psicologia Positiva e gestora da Escola Internacional de Alphaville

Em vigor desde 31 de janeiro deste ano, a Lei nº 15.100/2025, que restringiu o uso de celulares nas escolas brasileiras, não têm sido cumprida por 63% dos estudantes do Ensino Médio, que afirmam ainda levar o aparelho celular para a escola todos os dias – conforme apontou pesquisa, divulgada recentemente, da iniciativa Equidade.info em parceria com a Frente Parlamentar da Educação.

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É um número alarmante que escancara a dependência digital que nossa sociedade vive desde a popularização dos smartphones na década de 2010. Educadores veem diariamente no dia a dia escolar como o acesso constante à tecnologia não só reduziu a autonomia individual de crianças e adolescentes, mas também substituiu interações presenciais, afetando a qualidade das relações familiares.
O não cumprimento da lei – criada para proteger justamente aqueles que a descumprem – leva a uma reflexão que especialistas da área já se fazem há bastante tempo sobre o tema. Muito além de proibir ou permitir, a questão mais importante e desafiadora é como integrar os dispositivos ao ambiente escolar sem comprometer os pilares da formação pedagógica, sócio emocional e ética das crianças e adolescentes.
A autonomia humana é construída por meio de experiências reais, discussões críticas e vivências que exigem o uso da razão e a tomada de decisões responsáveis. A dependência digital tem contribuído para a não formação dessa autonomia, resultando em uma geração que está desaprendendo a pensar criticamente, que não consegue tomar decisões justas e assertivas, e que aceita passivamente ideias impostas, demonstrando desatenção e desinteresse nas relações interpessoais.
Infelizmente, o Brasil se destaca entre os países com o maior tempo de conexão digital, e os efeitos dessa realidade são cada vez mais visíveis: crescimento de crimes virtuais sexuais e de cyberbullying; aumento nos casos de depressão; isolamento social e agressividade e dificuldades na regulação emocional, tanto em crianças quanto em jovens e adultos.
A saúde mental e emocional no ambiente escolar tem sido negligenciada por décadas, com investimentos ineficazes que não resultam em transformações significativas. O crescimento alarmante de problemas emocionais entre crianças e jovens reflete essa falta de atenção ao desenvolvimento socioemocional. O desempenho acadêmico tem sido priorizado em detrimento da saúde mental na maioria das escolas, o que agrava os sintomas que afetam a aprendizagem.
No contexto escolar, portanto, torna-se imperativo que os profissionais da educação estejam preparados para compreender a dependência digital e agir de forma eficaz, debatendo e implementando medidas concretas. As escolas têm a responsabilidade de promover programas de convivência e desenvolvimento da formação ética, moral e socioemocional; possibilitando que a restrição do uso do celular seja efetivada e compreendida pelos próprios alunos como fundamentais para o seu desenvolvimento saudável no contexto curricular. Tais iniciativas devem ainda apresentar a importância da educação midiática aos jovens de maneira fundamentada.
Porém, se a família não fizer o seu papel de regulação, todo o esforço da escola será em vão. Os alunos chegam em casa e podem acabar descontando o tempo que ficaram longe dos dispositivos e agravar ainda mais a sua dependência; pois ficarão ainda mais tempo usando o aparelho celular, tomando espaço onde deveriam conviver com suas famílias, estudar, ler e dormir.
Jonathan Haidt, renomado psicólogo social e especialista em psicologia da moralidade – autor do livro “A Geração Ansiosa” e um dos maiores pensadores sobre o impacto das telas para o desenvolvimento humano – sustenta que nenhuma criança ou adolescente deveria ter celular antes dos 14 anos nem acesso à internet antes dos 16.
A escola pode atuar pela proibição do uso do celular no ambiente da sala de aula, mas o jovem continua tendo acesso em casa a um mundo online vasto desconhecido, pela palma da mão. Por isso, o movimento de conscientização deve se estender às famílias. É fundamental que os pais, responsáveis e cuidadores compreendam a necessidade de participar e fomentar ações ativamente também no ambiente familiar, promovendo um retorno à convivência de qualidade e ao bem-estar coletivo.
É urgente resgatar a comunicação face a face, implementar estratégias planejadas que incentivem as interações sociais presenciais saudáveis e orientar o uso consciente da tecnologia, promovendo o retorno e desenvolvimento de habilidades de relacionamento e comunicação que foram comprometidas pelo uso excessivo de dispositivos digitais.

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A autora: Ana Claudia Favano é gestora da Escola Internacional de Alphaville. É psicóloga; pedagoga; educadora parental pela Positive Discipline Association/PDA, dos Estados Unidos; e certificada em Strength Coach pela Gallup. Especialista em Psicologia da Moralidade, Psicologia Positiva, Ciência do Bem-Estar e Autorrealização, Educação Emocional Positiva e Convivência Ética. Dedicada à leitura e interessada por questões morais, éticas, políticas, e mobiliza grande parte de sua energia para contribuir com a formação de gerações comprometidas e responsáveis.

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Contatos para a imprensa – FSB Comunicação
Daniela Nogueira
(11) 96606.4960
daniela.nogueira@fsb.com.br
Vagner Lima
(11) 97353.5849
vagner.lima@fsb.com.br

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Livro “Desmistificando o Autismo” de Letícia Sena

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A capa traz uma homenagem especial, uma composição feita pela artista Juna, a partir de  desenhos feitos por crianças autistas com diferentes níveis de suporte
Livro “Desmistificando o Autismo” de Letícia Sena aborda inclusão e cuidado humanizado. A obra se baseia em evidências científicas e em vivências práticas, além de propor uma reflexão sobre temas que impactam o dia a dia de pessoas autistas, suas famílias e profissionais da saúde e da educação.
“O objetivo é promover a conscientização ampla, e construção de ambientes verdadeiramente inclusivos e respeitosos. Entre os temas discutidos, estão os desafios da inclusão escolar, o suporte às famílias e a importância de um olhar ético e humanizado nas terapias, no dia a dia das pessoas autistas”, comenta Letícia, destacando que o livro conta, ainda, com contribuições de terapeutas, médicos, advogados e familiares, com o intuito de romper mitos e preconceitos ainda presentes na sociedade.
A capa traz uma homenagem especial, uma composição feita pela artista Juna, a partir de  desenhos feitos por crianças autistas com diferentes níveis de suporte, que expressam, desde o primeiro olhar, a diversidade que o livro se propõe a representar.
A publicação também dá espaço a depoimentos reais, como o de Priscila, mãe de Gabriel, uma criança com nível 3 de suporte. Ela compartilha sua trajetória de descobertas, superação desde o diagnóstico do filho até o impacto transformador da comunicação aumentativa e alternativa e do atendimento especializado. Outro relato é de Mariana, mãe de Violeta, autista com nível 1 de suporte, que reflete sobre os desafios invisíveis da maternidade atípica e a importância de acolhimento adequado.
Para Letícia, escrever sobre o autismo é, antes de tudo, enfrentar realidades pouco discutidas. “Falar sobre o autismo é sempre um desafio, pois envolve dar visibilidade às lutas por direitos básicos, acesso a tratamentos e reconhecimento. Este livro nasceu do desejo de desmistificar ideias equivocadas e oferecer um olhar mais humano, sensível e fundamentado”, conclui.
A venda do livro “Desmistificando o Autismo”, da editora Literare Books International, com coordenação editorial da fonoaudióloga Letícia Sena, está disponível na loja online da editora no link https://loja.literarebooks.com.br/nao-ficcao/desmistificando-o-autismo.
Sobre Letícia Sena
Fonoaudióloga e doutoranda pela Universidade Federal de São Paulo, Letícia é analista do Comportamento Aplicada ao Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e desenvolvimento atípico, com formação pelo Instituto Par – Centro de Ciências e Tecnologia do Comportamento, é especialista em Comunicação Aumentativa e Alternativa e especialista em Terapia da Aceitação e do Compromisso pelo Centro Brasileiro de Ciência Comportamental e Contextual. Letícia, é certificada nos métodos Prompt, PECS, PODD, CoreWords e contribui com publicações, inclusive internacionais, sobre autismo e empreendedorismo feminino.
Letícia é fundadora da Clínica Instituto Índigo e realiza a gestão, supervisões e orientações parentais, incluindo o acompanhamento de casos e clínicas em diferentes estados do Brasil e fora do Brasil.
Instagram: @fga_leticiasena
LinkedIn: Letícia Sena
Sobre o Instituto Índigo
Clínica multidisciplinar referência no atendimento a crianças e adolescentes autistas, síndromes genéticas raras, transtornos de aprendizagem, da fala, alimentação e atrasos no desenvolvimento. Atua com fonoaudiologia, psicologia, terapia ABA, terapia ocupacional, fisioterapia, psicomotricidade, psicopedagogia, neuropsicologia e educação física. Os tratamentos são personalizados, com supervisão estruturada, registros diários, orientação parental e treinamento escolar, com atendimento presencial em consultório, em domicílio e consultorias a distância. Conta com a UniÍndigo, universidade voltada à formação de terapeutas na área e professores da rede regular de ensino e investe em inovação, como o desenvolvimento de um agente de inteligência artificial próprio.
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