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Com duas mortes em menos de 24 horas, DF amarga 34 feminicídios em 2023

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Michele Carvalho Magalhães e Patrícia do Nascimento Feitosa: vítimas da violência que matou 34 mulheres no DF apenas em 2023 – (crédito: Arquivo pessoal )

2023 bate o triste recorde de ano com o maior número de mortes de mulheres por questões de gênero, superando 2019, quando foram registrados 28 feminicídios

Darcianne Diogo
Pablo Giovanni
Pedro Grigori

O ano de 2023 será lembrado como o mais violento para as mulheres do Distrito Federal. Com os dois novos casos noticiados nesta terça-feira (26/12), a capital federal chegou ao triste número de 34 feminicídios em um ano — o maior registro de casos desde que a Lei do Feminicídio entrou em vigor, em março de 2015, classificando os crimes em que uma mulher é morta apenas por ser mulher.

A vítima mais recente se chama Michele Carvalho Magalhães, de 30 anos. A mulher foi encontrada sem vida ao lado carro dela, após ter colidido com o automóvel na porta de um comércio, no bairro Estância Mestre d’Armas 5, em Planaltina (DF). Os socorristas chegaram ao local por volta das 4h30 da madrugada desta terça-feira (26/12), e encontraram a jovem sem vida, com ferimentos causados por dois tiros no corpo.

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O caso é investigado como feminicídio. Uma das suspeitas é que a mulher tenha sido morta pelo ex-namorado.

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Michele contou aos familiares que o relacionamento com o ex foi conturbado. Ele foi preso por tráfico de drogas, em dezembro de 2021, e Michele nunca o visitou na cadeira. O homem foi um dos 1,8 mil presidiários liberados no Saidão de Natal, no último dia 22 de dezembro, e Michele revelou aos amigos que havia sido jurada de morte pelo homem.

Morta pelo companheiro em pleno Natal

Horas antes, outra vítima: Patrícia do Nascimento Feitosa, de 44 anos. Ela foi assassinada no dia de Natal, dentro de casa, na QNN3 da Ceilândia, pelo próprio companheiro, José da Luz Bento da Conceição, de 41 anos.

O Correio apurou que José da Luz compareceu à 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro), na manhã desta terça-feira (26/12), com cortes profundos nos pulsos e no pescoço, afirmando que queria morrer, pois havia sido traído pela companheira.

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Os policiais da 15ª DP foram ao endereço informado por José e encontraram o corpo de Patrícia. O homem confessou aos socorristas que matou a mulher.

A Lei do Feminicídio colocou o assassinato de mulheres por questões de gênero na lista de crimes hediondos, com penas mais altas, de 12 a 30 anos de privação de libertade. De acordo com a Secretaria de Segurança do Distrito Federal (SSP-DF), foram 180 casos de feminicídio entre 2015 e novembro deste ano. Com os dois casos desta semana, o número chega a 182.

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Os números por ano

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  • 2015 — 7 casos
  • 2016 — 20 casos
  • 2017 — 11 casos
  • 2018 — 25 casos
  • 2019 — 28 casos
  • 2020 — 16 casos
  • 2021 — 24 casos
  • 2022 — 17 casos
  • 2023 (janeiro até 26 de dezembro) — 34 casos

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Fonte: Correio Brasiliense

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“Redes de ódio” se espalham entre crianças e adolescentes

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Uma grande rede articulada que incitava crimes contra crianças foi desarticulada na manhã desta terça-feira (15/4) em operação da Polícia Civil do RJ – (crédito: FREEPIK)

Especialistas apontam caminhos a fim de conter a violência on-line infantojuvenil. Soluções exigem trabalho multidisciplinar

Desafios mortais, aliciamento de menores, grupos de ódio e violência extrema. Crimes cibernéticos contra crianças e adolescentes se intensificam no Brasil, com dinâmicas que ocorrem em tempo real e se espalham por plataformas pouco monitoradas. Diante da lentidão do poder público em estruturar legislações e canais eficazes de denúncia, especialistas apontam medidas práticas que podem — e devem — ser adotadas por famílias, escolas e sociedade civil.

As soluções passam por envolvimento ativo dos pais, programas educacionais dentro das escolas, maior vigilância emocional e afetiva sobre os jovens, além do fortalecimento das políticas de responsabilidade das plataformas digitais. O cenário é urgente, e os especialistas são categóricos: o enfrentamento à violência virtual precisa ser coletivo, multidisciplinar e imediato.

Ela defende que as big techs devem ser responsabilizadas judicialmente, especialmente porque existem dados que evidenciam riscos para o público mais novo. “Essas plataformas são prestadoras de serviço. Aplica-se a elas o Código de Defesa do Consumidor. Portanto, não dá para dizer que elas não têm nenhuma responsabilidade. Temos também o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que impõe a todos um dever de cuidado em nome do que chamamos de princípio do melhor interesse da criança”, diz.

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Frazão explica que as plataformas querem se isentar da responsabilidade, baseados “a partir de uma interpretação equivocada do artigo 19 do Marco Civil da Internet”, que exige ordem judicial prévia e específica de exclusão de conteúdo para a responsabilização civil de provedores, websites e gestores de redes sociais por danos decorrentes de atos ilícitos praticados por terceiros.

Na mesma linha, a advogada Giovanna Pieralli, especialista em proteção de dados, destaca a importância da mediação em casa e na escola. “A família como educador primário é essencial. Crianças e adolescentes aprendem muito por repetição e por visualização. Esse modelo de uso saudável da tecnologia tem que vir do núcleo familiar”, aponta.

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Giovanna Pieralli defende o papel educativo das escolas. “É preciso promover campanhas educacionais, trazer especialistas para palestras, fomentar um ambiente seguro de escuta e oferecer canais de denúncia dentro do ambiente escolar. Educação e conscientização são medidas indispensáveis”, diz.

Segundo a pesquisadora Michelle Prado, fundadora da ONG Stop Hate Brasil, o país falha em não realizar campanhas nacionais e não emitir alertas públicos antecipados sobre tendências perigosas. Ela elaborou dezenas de relatórios, que são públicos, ressaltando a preocupação com o tema. “O desafio do desodorante, que vitimou uma menina em Brasília, circula há mais de um ano. Eu alertei diversos ministérios. O FBI emitiu comunicado sobre isso. O Brasil, não”, denuncia.

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Ela critica a ideia de que apenas uma regulamentação seria suficiente. “Só a regulamentação não é bala de prata. É preciso um conjunto de ações, que vão desde inteligência, segurança pública, educação, plataformas. É uma abordagem que precisa ser tratada como política de saúde pública”, argumenta.

Diálogo e atenção

A psicóloga Carol Freitas reforça a importância da participação ativa da família, não apenas no cotidiano escolar, mas também nas experiências digitais das crianças e adolescentes. “É importante que os pais estejam presentes na vida on-line dos filhos, participem das vivências, perguntem, criem vínculos de confiança e incentivem o senso crítico. É preciso ser próximo, conversar, brincar, fazer o papel de pai e mãe, literalmente falando. Assim, a criança poderá reconhecer quando algo está fora do normal e alertar os responsáveis”, orienta.

A especialista alerta para sinais comportamentais que podem indicar situações de risco como mudanças bruscas de comportamento, isolamento, ansiedade, interesse excessivo em jogos digitais, desafios on-line ou redes sociais. “Tudo isso é sinal de alerta. Além disso, também tem a questão de sentir um medo excessivo ou um comportamento agressivo, também é um sinal de alerta de que há alguma coisa errada. Os pais e professores precisam estar atentos e alinhados”, aponta.

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A pesquisadora Lia Beatriz Torraca, pós-doutoranda no Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), destaca a centralidade das relações afetivas no ambiente digital. Segundo ela, o enfrentamento passa pela construção de vínculos reais. Ela destaca o controle do uso de celular nas escolas como um avanço importante.

“A proibição do uso de celulares em sala de aula, por exemplo, ajuda as famílias no controle, pois é um primeiro passo para impor limites. Mas é preciso mais. Precisamos tirar os jovens do quarto, do isolamento, e reinseri-los no mundo afetivo. Falta aproximação, cuidado e presença real”, afirma.

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Projeto Sinais

O Núcleo de Prevenção à Violência Extrema contra Crianças e Adolescentes, vinculado ao Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS), nasceu de um caso concreto e da constatação de que a atuação analógica é a mais eficaz para prevenir a radicalização juvenil. O procurador de Justiça Fábio Costa Pereira, idealizador da iniciativa, conta que a ideia surgiu em 2023, a partir de um episódio registrado no município de Frederico Westphalen.

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Embora o núcleo só tenha sido oficialmente criado em 2024, a atuação começou como projeto-piloto em agosto do ano anterior, com o nome provisório de “força-tarefa”. A ação se consolidou em resposta à necessidade urgente de monitoramento no mês de abril — considerado crítico entre as subculturas violentas por reunir datas emblemáticas de ataques, como os massacres de Columbine, Virginia Tech, Realengo e o aniversário do ditador nazista Adolf Hitler.

Desde então, o projeto ganhou dimensão estadual. Em 2023, o núcleo capacitou mais de mil profissionais, incluindo seguranças, diretores, professores e servidores da assistência social. Foram realizadas 158 ações, com o cumprimento de 24 mandados de busca e apreensão, sete internações psiquiátricas, seis internações de adolescentes e quatro prisões.

“Este ano já atuamos em mais de 60 eventos, cumprimos mais de oito mandados de busca e apreensão e ingressamos com duas medidas protetivas em prol de adolescentes”, informa o procurador.

Segundo Fábio Costa Pereira, apesar da crescente ameaça no ambiente virtual, o diferencial do programa tem sido justamente a aposta no contato direto com os adolescentes. “Talvez, o grande ganho do projeto é que a gente entendeu que o analógico hoje funciona muito, e até melhor que o universo digital. Nós preparamos as pessoas que têm relação de proximidade com os adolescentes para reconhecer os sinais que eles deixam no caminho da radicalização”, explica.

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O procurador defende uma abordagem simples e integrada, enfatizando a importância de oferecer alternativas ao fascínio do universo digital. “Temos a tendência, diante de um problema, de buscar soluções complexas, quando, na verdade, precisamos de respostas simples e efetivas. Uma delas é justamente essa, no mundo analógico, preparar pessoas para reconhecer aquilo que está fora do lugar”, ressaltou. Atualmente, o projeto ampliou e todo o Ministério Público do Rio Grande do Sul está envolvido no combate à violência extrema.

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Fonte: Correio Brasiliense

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