A fortaleza de concreto, erguida na capital da República há cinco anos, ganhou notoriedade por ser considerada a mais segura da América Latina.
Mulheres incriveis
Atrás das grades: 24 horas na prisão de segurança máxima

Metrópoles
Pela primeira vez na história, uma equipe de reportagem conseguiu entrar em uma penitenciária de segurança máxima. A instituição foi construída há cinco anos, em Brasília, e é considerada o presídio mais seguro da América Latina.
No local, que mais se assemelha a uma fortaleza, estão detidos alguns dos maiores criminosos do Brasil, como a cúpula do PCC, as lideranças da máfia italiana ‘Ndrangheta e o espião russo Sergey Vladimirovich Cherkasov.
Diferentemente de presídios comuns, como a Papuda, onde são recorrentes as queixas sobre superlotação, a Penitenciária Federal de Brasília acomoda apenas um detento em cada cela.
Aliás, tudo é diferente na penitenciária mais segura da América do Sul: o transporte até o presídio é feito em um furgão que, em vez de janelas, tem ventiladores para proporcionar a oxigenação adequada. Antes de entrar nas celas, os detentos recebem um “enxoval” e são submetidos a determinados procedimentos, a exemplo de revistas pessoais.
POR CARLOS CARONE E MIRELLE PINHEIRO
Dentro da muralha, centenas de servidores do Sistema Penitenciário Federal (SPF) se revezam diuturnamente para manter sob vigilância permanente lideranças da facção criminosa Primeiro Comando da Capital, a exemplo de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola.
Fora do presídio, policiais penais altamente equipados e preparados operam até mesmo veículos blindados para evitar qualquer tentativa de fuga ou resgate, por menores que sejam as chances de isso acontecer. Trata-se de uma rotina incansável, composta por treinamentos e protocolos de segurança repetidos à exaustão.

Igo Estrela/Metrópoles
O ambiente de tensão é permanente e, pela primeira vez na história, uma equipe de reportagem teve acesso ao interior do presídio de onde é impossível fugir.
Durante 24 horas, os colunistas do Metrópoles Carlos Carone e Mirelle Pinheiro mostraram, intramuros, a engrenagem que movimenta uma verdadeira cidade formada por muralhas, grades e ferrolhos.
Em uma imersão inédita, Carone abandonou a identidade de repórter, assumiu o papel de preso federal e ficou exposto às adversidades e limitações dessa realidade desconhecida para muitos.
Privado de sua autonomia, o jornalista passou a noite em uma cela destinada aos detentos integrantes do Sistema Penitenciário Federal. Nesta reportagem especial, o colunista revela detalhes das etapas pelas quais todos os internos da instituição passam, incluindo a revista minuciosa, o desnudamento e o banho de sol cercado por grades, por câmeras e pelos olhares atentos dos policiais.
Igo Estrela/Metrópoles
A rotina carcerária, marcada por uma série de procedimentos rígidos e restritivos, também contou com o olhar de Mirelle Pinheiro, que cumpriu expediente como policial penal federal. A colunista vestiu a farda preta e mergulhou no turbilhão de emoções que acompanha a responsabilidade de lidar com detentos que cometeram crimes bárbaros. Ao caminhar pelos corredores vigiados, a repórter pôde vislumbrar, mesmo que brevemente, a intrincada teia que envolve o universo prisional.
Ambos os repórteres sentiram na pele experiências impactantes e reveladoras durante as 24 horas. Para além das grades, testemunharam a parceria e amizade entre os servidores, a dedicação em manter a ordem e a segurança e, também, o trabalho árduo dos profissionais que oferecem assistência aos presos.
A partir de agora, você, leitor, acompanha o relato pessoal dos dois profissionais do portal. Seja bem-vindo ao “lugar onde ninguém gostaria de estar”.
Igo Estrela/Metrópoles
A muralha construída na Penitenciária Federal de Brasília é capaz de conter disparos de fuzil calibre .50
Igo Estrela/Metrópoles
Centenas de servidores do Sistema Penitenciário Federal (SPF) se revezam diuturnamente para manter sob vigilância permanente os detentos mais perigosos do país
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Os policiais penais são altamente equipados e preparados para evitar qualquer tentativa de fuga ou resgate
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A Penitenciária Federal de Brasília foi erguida há cinco anos e ganhou notoriedade por ser considerada a mais segura da América Latina
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Por lá, também cumprem pena o espião russo Sergey Vladimirovich Cherkasov e os chefões da máfia italiana ‘Ndrangheta
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Estão presos também líderes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC)
INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A PENITENCIÁRIA FEDERAL DE BRASÍLIA
Fundado em 2006, o Sistema Penitenciário Federal (SPF) tem a atribuição de custodiar e isolar os presos mais perigosos do país, como integrantes e líderes de organizações criminosas, e detentos envolvidos em casos de fuga e indisciplina grave nas instituições estaduais. A idealização do programa baseou-se nos moldes da Supermax 2, entidade federal que abriga os presos mais violentos dos EUA.
O SPF pertence à estrutura organizacional da Diretoria do Sistema Penitenciário Federal (DISPF), órgão vinculado à Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) do Ministério da Justiça e da Segurança Pública (MJSP). Estrategicamente, as cinco unidades federais que integram o sistema estão distribuídas em regiões distintas do país: Catanduvas (PR), Campo Grande (MS), Mossoró (RN), Porto Velho (RO) e Brasília (DF).
ARQUITETURA DA PENITENCIÁRIA
A Penitenciária Federal de Brasília foi erguida há cinco anos e ganhou notoriedade por ser considerada a mais segura da América Latina. Todas as penitenciárias federais têm projeto arquitetônico idêntico
Elas são compostas por 208 celas, mas o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) não divulga quantas pessoas estão presas no local
A muralha construída na Penitenciária Federal de Brasília é capaz de conter disparos de fuzil calibre .50
Em Brasília, há quatro torres de vigilância, e os policiais ficam de prontidão 24 horas. Há fendas nas laterais e no teto das torres, caso os agentes precisem atirar
Dentro do complexo, há um pequeno hospital, consultórios odontológicos e psicológicos, além de atendimento jurídico e educacional





A missão do SPF foi instituída pela Portaria MJSP nº 103, de 18 de fevereiro de 2019: “Combater o crime organizado, isolando suas lideranças e presos de alta periculosidade, por meio de um rigoroso e eficaz regime de execução penal, salvaguardando a legalidade e contribuindo para a ordem e a segurança da sociedade”.
O surgimento do SPF, em 2006, está diretamente ligado à crise do sistema penitenciário nos estados – que, à época, já enfrentava sérias dificuldades para conter e isolar os membros e líderes das organizações criminosas. Assim, as instituições federais nascem com a ideia de socorrer os estados brasileiros, assumindo a custódia daqueles presos que apresentavam maior risco à segurança pública local.
A criação de um microssistema de execução penal diferenciado e mais gravoso coincide, também, com uma das maiores crises vivenciadas até então pelo sistema de segurança pública do país, devido à série de atentados ocorridos em São Paulo (SP), sob coordenação do Primeiro Comando da Capital (PCC). À época, entre agentes de segurança, criminosos ligados à facção e terceiros alheios aos conflitos, foram contabilizadas 564 mortes no chamado Maio Sangrento.
ASSISTÊNCIAS
Em razão da natureza de integrantes do Sistema Penitenciário Federal, as prisões federais têm a segurança como foco principal, mas não deixam de cumprir as exigências estabelecidas na Lei de Execuções Penais (LEP). Aos presos é assegurada assistência material, médica, jurídica, educacional, social e religiosa.

O primeiro protocolo executado nas penitenciárias federais é a classificação do recluso. Há um processo de triagem que inclui avaliação de saúde, consultas médicas, atendimento na enfermaria, assistência odontológica e psicológica, entre outros. Além disso, apuram-se dados como grau de escolaridade e intenção de participação nos inúmeros projetos educacionais executados nas unidades federais. Realiza-se, ainda, uma análise criteriosa sobre histórico, grau de periculosidade, crimes e condenações do recluso, para identificar aspectos que envolvem a segurança e a inteligência penitenciária. Toda essa avaliação tem como objetivo principal promover a individualização da pena, de forma eficaz.
QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL
Um dos pontos mais importantes e essenciais é a formação e capacitação continuada de homens e mulheres que integram o quadro de profissionais do Sistema Penitenciário Federal.
Para ingressar nas carreiras de agente federal de execução penal (Afep), especialista federal em assistência à execução penal e técnico em assistência à execução penal, é necessário submeter-se a um concurso público composto por diversas etapas. Além da prova de conhecimento teórico, os candidatos passam por avaliação social, física, médica e psicológica.
A última fase é o curso de formação profissional, que dura aproximadamente três meses e contém atividades de natureza teórica e prática, todas voltadas à execução das atribuições inerentes ao Sistema Penitenciário Federal. Nesse período, o candidato é submetido às mais variadas situações, em uma construção pedagógica que visa prepará-lo de forma condizente com a importância da carreira.
Igo Estrela/Metrópoles
Após ser aprovado nas etapas do concurso público, o candidato é nomeado para o cargo e, a partir de então, passa por um ciclo contínuo de capacitação, por meio do qual revê disciplinas estudadas em seu curso de preparação inicial e cumpre atividades de cunho teórico e prático. Os servidores também participam de treinamentos ofertados por outras forças de segurança pública, como Polícia Federal e Rodoviária Federal, além das polícias civis e militares dos estados. A troca de conhecimentos nas mais variadas áreas de atuação fortalece o trabalho desempenhado no SPF.
Hoje, a carreira conta com servidores cuja capacitação profissional é garantida por meio de cursos e treinamentos ministrados por diferentes forças nacionais e estrangeiras. Os funcionários replicam todo esse conhecimento entre os demais colaboradores; assim, o Sistema Penitenciário Federal torna-se uma instituição multidisciplinar.
Igo Estrela/Metrópoles
FISCALIZAÇÃO
EXTERNA
As penitenciárias federais passam por um intenso processo de fiscalização, feito por órgãos que atuam na execução penal federal, como o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria Pública, o Conselho da Comunidade, entre outros.
Essas instituições têm a atribuição de fiscalizar o cumprimento da legislação no âmbito das penitenciárias federais. O trabalho é feito de forma presencial, mediante visitas de inspeção realizadas rotineiramente. Ademais, a gestão das penitenciárias presta frequentes esclarecimentos à fiscalização, por meio de documentos formais.
Soma-se a isso o trabalho desenvolvido internamente pela própria Secretaria Nacional de Políticas Penais. Corregedorias subordinadas a esse órgão atuam, de forma independente, na fiscalização e coibição de quaisquer atos ilícitos que venham a ser executados por servidores nas unidades prisionais federais.
CEO
- Lilian Tahan
- DIRETORA-EXECUTIVA
- Priscilla Borges
- EDITOR-CHEFE
- Otto Valle
- COORDENAÇÃO
- Olívia Meireles
- EDIÇÃO
- Saulo Araújo
- REPORTAGEM
- Carlos Carone
- Mirelle Pinheiro
- REVISÃO
- Juliana Garcês
- EDICÃO DE ARTE
- Gui Prímola
- DESIGN
- Mia M
- Yanka Romão
- EDIÇÃO DE FOTOGRAFIA
- Daniel Ferreira
- Michael Melo
- FOTOGRAFIA
- Igo Estrela
- COORDENAÇÃO DE VÍDEO
- Gabriel Foster
- CAPTAÇÃO DE VÍDEO
- Igo Estrela
- MODELAGEM 3D
- Tauã Medeiros
- VÍDEO
- Bethânia Cristina
- Gabriel Foster
- Giuliano Gazzoni
- João Andrade
- Leonardo Hladczuk
- Lucas Viana
- Tauã Medeiros
- Renato Nagano
- Vanessa Neiva
- TECNOLOGIA
- Allan Rabelo
- Daniel Mendes
- Italo Ridney
- Mateus Moura
- Saulo Marques
Fonte: Metropoles

Mulheres incriveis
Prêmio Engenho Mulher 2025, reconhecimento a quem nos transforma

A edição 2025 do Prêmio Engenho Mulher – Reconhecimento a Quem nos Tranforma irá acontecer no próximo dia 12 de maio, no MAB (Museu de Arte de Brasília). Nesse dia, três vencedoras serão homenageadas, pelo trabalho que realizam em prol de avanços de cidadania. “O Prêmio Engenho Mulher distingue a presença feminina que lidera transformações em distintas áreas da sociedade brasileira, a partir de uma atuação focada no Distrito Federal”, explica a criadora e organizadora da premiação, a jornalista Kátia Cubel. As três vencedoras são escolhidas por um júri de Sete Mulheres Jornalistas. Os nomes contemplados em 2025 serão conhecidos na próxima semana.
Nesta edição, o Sebrae-DF atua como apoiador institucional. Os patrocinadores da premiação são Alves Correia e Veríssimo Advocacia, Fibra – Federação das Indústrias de Brasília, Chocolat Restaurante e Bufê e Paulo Octavio. O Boulevard Shopping apoia o evento. A realização é da Equipe Engenho Comunicação.
PRÊMIO ENGENHO MULHER 2025
SERÁ NO DIA 12 DE MAIO, NO MAB
Cerimônia Irá Premiar 3 Mulheres do DF que
Transformam o Mundo ao Seu Redor
RECONHECIMENTO A QUEM NOS TRANSFORMA
Prêmio Engenho Mulher 2025
Dia 12 de maio, no MAB (Museu de Arte de Brasília)
Informações para a Imprensa – Engenho Comunicação
Tel (61) 3242.1095 / 99187.9581 – Kátia Cubel
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