A Secretaria-Geral da Presidência é atualmente vista por analistas e petistas como “apagada”
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, está no centro de discussões estratégicas no Palácio do Planalto. Auxiliares próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmam que ele considera nomeá-la para a Secretaria-Geral da Presidência, atualmente ocupada por Márcio Macêdo.
A movimentação é vista como um esforço para consolidar a base do governo e evitar um racha no partido às vésperas da sucessão da presidência do PT.
A possível nomeação de Gleisi também é interpretada como uma tentativa de desarticular candidaturas que poderiam ampliar divisões internas no partido.
Para aliados de Edinho Silva, principal nome na corrida pela liderança petista, a saída de Gleisi da presidência da sigla seria essencial para facilitar a transição de comando.
Jogada política
Interlocutores do presidente destacam que Gleisi possui boa relação com movimentos sociais e tem habilidade para mobilizar setores da esquerda, além de ser uma defensora aguerrida do governo.
A Secretaria-Geral da Presidência, tradicionalmente uma pasta estratégica para articulação com a sociedade civil em governos petistas, é atualmente vista por analistas e petistas como “apagada” sob o comando de Macêdo.
Críticas ao atual ministro sugerem que ele não conseguiu imprimir a relevância histórica da pasta, ocupada em mandatos anteriores por figuras de peso, como Luiz Dulci.
Apesar disso, Macêdo mantém a confiança de Lula. Ele foi peça-chave na organização das caravanas do presidente antes de sua prisão em 2018 e comandou as finanças da campanha vitoriosa de 2022, aprovadas sem ressalvas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Mesmo assim, sua atuação recente, ainda que pontualmente elogiada – como na elaboração do G-20 social – não parece suficiente para conter as críticas sobre sua gestão discreta.
Mudanças no Planalto
Lula tem demorado a implementar alterações estratégicas no governo. A saída de Paulo Pimenta da Secretaria de Comunicação Social (Secom), por exemplo, foi definida em setembro, mas só ocorreu em dezembro, quando Sidônio Palmeira assumiu o cargo.
A chegada de Gleisi pode alterar a correlação de forças no núcleo do governo, fortalecendo aliados próximos de Lula, como o ministro da Casa Civil, Rui Costa, enquanto figuras como Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Márcio Macêdo perdem relevância.