Politica
5 anos do caso Marielle: lentidão é reflexo das fragilidades na Justiça brasileira
 
																								
												
												
											Assassinato de Marielle Franco completa meia década nesta terça, ainda sem respostas. Familiares lutam pela responsabilização dos mandantes
Marielle e Anderson foram executados em março de 2018, no Rio de Janeiro, e a investigação nunca foi concluída. O policial militar reformado Ronnie Lessa, acusado de ter feito os disparos que mataram a vereadora e o motorista, e o ex-policial militar Elcio de Queiroz, suspeito de dirigir o carro que perseguiu a política após ela sair de um evento na Lapa, zona central do Rio, foram presos em 2019.
Contudo, ambos jamais revelaram quem mandou matar Marielle e Anderson. Os suspeitos respondem por duplo homicídio triplamente qualificado – por motivo torpe, mediante emboscada e impossibilidade de defesa das vítimas. Eles permanecem detidos preventivamente, sem que o júri popular tenha sido marcado.
Na avaliação da diretora do Instituto Marielle Franco, Lígia Batista, o ciclo de impunidade que envolve o crime é um reflexo da “dificuldade estrutural de acesso à Justiça por parte de familiares de mulheres negras e, em especial, defensoras de direitos humanos vítimas do Estado”.
“O assassinato de Marielle é um atentado à democracia e enquanto esse caso não tiver uma resolução, essa democracia fica em xeque. Ainda assim, não vamos nos calar e seguiremos em coro, somadas a tantas vozes ao redor do Brasil e do mundo, que fazem ecoar esse grito por justiça por Marielle e Anderson”, defende a diretora-executiva do Instituto Marielle Franco, em entrevista ao Metrópoles.
Sinalização política do governo
No início deste ano, a investigação entrou, mais uma vez, em uma nova fase. Na última semana, familiares de Marielle e Anderson se reuniram com membros da força-tarefa que investiga morte da vereadora e do motorista, na sede do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). O procurador-geral de Justiça, Luciano Lessa, não participou. Após cinco trocas da comando da investigação, ele é o atual responsável por conduzir o caso no MP.
O Instituto Marielle Franco, ao lado de familiares e outras entidades que compõem o Comitê Justiça por Marielle e Anderson, solicitou que os representantes legais das famílias das vítimas tenham acesso aos autos de inquérito sobre os mandantes do crime – atualmente, em segredo de Justiça –, e que a PF esteja coordenada às autoridades responsáveis. Eles ainda não obtiveram resposta.
Ato em homenagem à Marielle, na Câmara dos Deputados, em 2018Igo Estrela/Metrópoles

Marielle Franco, vereadora assassinada no RioReprodução
Em outra frente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu o governo federal, em janeiro, prometendo ações concretas sobre o tema. Ainda em janeiro, a irmã de Marielle, Anielle Franco, assumiu o Ministério da Igualdade Racial. No Dia da Mulher, na última quarta-feira (8), Lula enviou à Câmara dos Deputados um projeto de lei que cria o Dia Nacional Marielle Franco, a ser comemorado em 14 de março.
Alinhado à proposta do presidente, o ministro Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública, tomou como tarefa pessoal a elucidação do caso: nas palavras dele, a resolução do crime é uma “questão de honra”. Em fevereiro, Dino determinou que a Polícia Federal entrasse na investigação, e designou o delegado Guilhermo Catramby para conduzir o inquérito na PF.
A decisão de Flávio Dino, no entanto, não representa uma federalização das investigações. Em 2020, dois anos após o assassinato, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para o deslocamento do caso à Justiça Federal . O tribunal não concordou com a então PGR, Raquel Dodge, que havia apontado uma possível contaminação da apuração.
Ao Metrópoles o ministro detalhou que houve uma “determinação do presidente Lula no sentido de a PF atuar no caso”, e que o diálogo com o MP está “sendo proveitoso” para o processo.
“A PF também está realizando suas próprias diligências e o que eu posso afirmar é que o trabalho está evoluindo bem”. Como as investigações correm em sigilo, o ministro informou que não é possível antecipar ou atualizar qualquer passo. Contudo, garante o comprometimento com a conclusão das investigações.
“Eu posso afirmar à sociedade, família e amigos da Marielle que a PF está trabalhando para que nós possamos ajudar no esclarecimento definitivo deste terrível crime”. Ele frisou que ainda não é possível fixar um prazo para novas atualizações ou finalização do caso. “Mas eu posso afirmar que há prioridade, há uma equipe dedicada na PF só para isso”.
Passos lentos na Justiça
A professora de direito Luisa Ferreira, pesquisadora do Núcleo de Estudos sobre o Crime e a Pena da Fundação Getulio Vargas (FGV), explica que a proposta de Dino é, na verdade, uma “união de forças”, uma vez que ainda não está claro, judicialmente, que não se trata de um caso de competência da PF.
“A ideia é que não se possa descartar, ainda na investigação, que é um crime político, portanto, poderia ter competência da Justiça Federal. Ao mesmo tempo, homicídios estão sob a competência da Polícia Civil. Não há problema que as polícias unam forças para encontrar esses mandantes do crime. Quando eles forem encontrados, no entanto, somente um processo será aberto”, explica.
Na visão da especialista, a lentidão judicial reflete problemas estruturais no sistema de Justiça brasileiro. “A lentidão na Justiça é comum, não é raro um caso demorar mais de 4 anos para a investigação. O que não é comum é um caso tão famoso e com tanta dedicação como esse demorar tanto tempo”, comenta a jurista.
“As mudanças em geral atrapalharam as investigações. A gente viu e tem comprovadamente episódios de depoimentos falsos e obstrução da apuração. Isso é algo que precisa ser investigado firmemente, e pode ser esse um dos motivos pelos quais um caso como esse, com tanta força policial envolvida, tantas testemunhas e dados, ainda não conseguiu chegar a uma resolução, porque tem pessoas claramente tentando atrapalhar as investigações”, reforça.
Em 2010, o delegado Leandro Almada, que verificou a atuação da Polícia Civil do Rio de Janeiro (PC-RJ) no caso Marielle, concluiu que houve obstrução de Justiça na apuração do assassinato. O inquérito aponta que policiais militares e advogados fluminenses atuaram em organização criminosa para tentar atrapalhar as investigações do homicídio.
Outro fator inédito para o sistema judicial brasileiro, é existencia de um arcabouço jurídico limitado para investigar, julgar e punir crimes de violência política de gênero, termo definido em lei sancionada em 2021. Segundo Anielle Franco, o caso da irmã foi um “feminicídio político”. O MP e a Polícia Civil, no entanto, ainda divergem sobre a questão.
“A Justiça brasileira não tem arcabouço robusto para lidar com nenhum tipo de violência, menos ainda, com casos de violência política de gênero. Temos um sistema muito problemático do ponto de vista de investigação, uma máquina de prender, de condenar. É um formato de justiça que lida com a violência política como todos os outros crimes, sem adotar uma perspectiva de gênero nesses julgamentos”, argumenta a professora.
Meia década de história
Segundo Lígia Batista, diretora-executiva do Instituto, “a cada ano que passa é mais difícil reaquecer nas pessoas esse sentimento de indignação. Por isso, trabalhamos a partir do Instituto para manter viva a luta por justiça, a fim de que as autoridades reconheçam que meia década é tempo demais sem respostas e que o Estado brasileiro precisa responder quem mandou matar Marielle”.
É com essa proposta que a organização conduz, nesta terça-feira (14), uma programação extensa de ações culturais, de preservação da memória e de justiça pelo assassinato de Marielle. Entre as atividades estão uma missa na Igreja Nossa Senhora do Parto, no centro do Rio de Janeiro, e também o lançamento da escultura Marielle Gigante e da exposição A Voz de Marielle abertas a visitação, respectivamente, no Museu de Arte do Rio e no Museu do Amanhã. Confira aqui a programação completa.
Durante a tarde, há a expectativa de um encontro entre familiares e o Procurador Geral de Justiça, Luciano Mattos, com objetivo de cobrá-lo, em nome do MP, o compromisso da instituição diante desse caso.
“O assassinato de Marielle é paradigmático e se dá num contexto em que a violência política faz parte do cotidiano de parlamentares mulheres negras, cis e trans. Assim, por tudo que significou ter uma mulher negra parlamentar assassinada, em pleno exercício de seu mandato e no auge de sua carreira política, é muito importante que esse caso não caia no esquecimento”, lembra Lígia.
 
																	
																															Politica
Governo lança 2ª Estratégia Brasileira de Educação Midiática e ganha destaque na semana global da UNESCO sobre o tema
 
														O secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, João Brant, anunciou o lançamento da 2ª Estratégia Brasileira de Educação Midiática, que aprofunda ações voltadas à promoção de habilidades críticas para acessar e analisar informações, à formação de professores e à cooperação internacional. Foto: Secom-PR
Durante Global MIL Week, em Cartagena, na Colômbia, Secom apresentou os principais resultados da política nacional de educação midiática e reforçou a cooperação com países da América Latina e com a França
Os avanços brasileiros em educação midiática estiveram em destaque na Global Media and Information Literacy Week 2025, conferência mundial da UNESCO realizada em Cartagena, na Colômbia, entre os dias 22 e 25 de outubro. A delegação brasileira apresentou as principais políticas e experiências nacionais no tema, reforçando o compromisso do país com a construção de um ecossistema informacional mais democrático, confiável e participativo.
Representando o ministro da Secom, João Brant, secretário de Políticas Digitais, participou da mesa de encerramento da conferência ao lado do Vice-ministro de Transformação Digital da Colômbia, Oscar Alexander Ballén e Tawfik Jelassi, Diretor-Geral Adjunto de Comunicação e Informação da UNESCO. No painel, Brant anunciou o lançamento da 2ª Estratégia Brasileira de Educação Midiática, que aprofunda ações voltadas à promoção de habilidades críticas para acessar e analisar informações, à formação de professores e à cooperação internacional.
“A educação midiática é essencial para fortalecer a democracia. Quando as pessoas têm ferramentas para compreender e participar criticamente do ambiente informacional, o debate público se torna mais justo e mais plural. Essa nova Estratégia aprofunda esse compromisso do Brasil com uma sociedade que valoriza o diálogo e enfrenta a desinformação de forma coletiva.”, afirmou João Brant.
“A educação midiática é essencial para fortalecer a democracia. Quando as pessoas têm ferramentas para compreender e participar criticamente do ambiente informacional, o debate público se torna mais justo e mais plural. Essa nova Estratégia aprofunda esse compromisso do Brasil com uma sociedade que valoriza o diálogo e enfrenta a desinformação de forma coletiva”
João Brant, secretário de Políticas Digitais
ATUALIZAÇÃO DA ESTRATÉGIA – Lançada em 2023 e coordenada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), a primeira Estratégia Brasileira de Educação Midiática apresentou eixos de atuação e prioridades da política, como formação de professores, enfoque na educação básica e nas temáticas relacionadas ao uso de telas e dispositivos por crianças e adolescentes. Em sua segunda edição, a Estratégia destaca os instrumentos de implementação da política e os principais resultados alcançados, especialmente em articulação com o Ministério da Educação, tais como:
- Inserção da Educação Midiática nos editais do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), fazendo com que o tema integre, pela primeira vez, o conteúdo dos livros didáticos que chegam às escolas brasileiras;
- Primeira coleção de cursos sobre Educação Digital e Midiática, com 80 cursos disponibilizados na plataforma AVAMEC do Ministério da Educação, totalizando mais de 340.000 certificações gratuitas;
- Primeiras diretrizes nacionais do Conselho Federal de Educação sobre o uso de dispositivos digitais em ambientes escolares e a integração curricular da educação midiática, prevendo que todas as escolas do país tenham o tema nos seus currículos até 2026;
A nível internacional, a Estratégia Brasileira de Educação Midiática também oportunizou a realização de projetos com França, Dinamarca, Finlândia e países membros da Rede Latinoamericana de Cidadania Digital da UNESCO. Além disso, a temática da educação midiática compõe um dos eixos da Iniciativa Global para a Integridade da Informação sobre Mudanças Climáticas liderada pelo governo brasileiro em parceria com a Organização das Nações Unidas e UNESCO.
GLOBAL MIL WEEK 2025 – Na semana global da UNESCO em Cartagena, a Secom participou de três painéis temáticos. O primeiro apresentou iniciativas-modelo de educação midiática, com foco na inserção do tema nos currículos escolares brasileiros e na mobilização social. A mesa reuniu representantes do Instituto Palavra Aberta, da Secretaria de Comunicação de Alagoas, representada pelo secretário Wendel Palhares, da Secretaria de Educação da Bahia, e do CEIBAL, do Ministério da Educação do Uruguai, parceiro da Secom no desenvolvimento de currículos em educação midiática e cidadania digital.
Em outro painel, o Brasil apresentou, em parceria com o CLEMI (Centro para Educação Midiática da França), os resultados do projeto MídiaCOP, que qualificou professores da região Norte para a cobertura jornalística e crítica da COP30 por estudantes. O projeto inaugura um modelo inovador de formação de educadores voltado à sustentabilidade em articulação com a educação midiática.
A terceira mesa destacou a primeira Estratégia Brasileira de Educação Midiática no contexto da Rede Latino-Americana de Cidadania Digital, coordenada pela UNESCO Montevidéu. A discussão reforçou o papel do Brasil como referência regional no desenho de políticas públicas que combinam formação docente, pesquisa e participação social.
Durante o evento, Brasil e França também anunciaram a segunda fase da cooperação bilateral iniciada com o projeto MídiaCOP. A nova etapa ampliará a formação de professores em educação midiática e climática para todos os estados brasileiros, com o apoio do CLEMI e da Embaixada da França no Brasil.
“Essa parceria é um exemplo de como a cooperação internacional pode fortalecer a educação e a democracia. O diálogo entre Brasil e França, com apoio da UNESCO, mostra que enfrentar a desinformação exige redes de confiança e de conhecimento”, completou Brant.
SBEM – No contexto da Global MIL Week, o governo brasileiro realiza, desde 2023, a Semana Brasileira de Educação Midiática (SBEM). Promovida em parceria entre a Secom e o Ministério da Educação com apoio da UNESCO, a edição de 2025 da Semana tem início nesta terça-feira (28) com uma abertura presencial em Brasília e se estende até sexta-feira com atividades online e presenciais em todos os estados do Brasil, promovidas por escolas e universidades. Saiba mais sobre a Semana aqui.
Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República
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