Saúde
Laqueadura e vasectomia: saiba o que muda com as novas regras
A rede pública de saúde do DF passou a adotar as alterações que incluem diminuição da idade mínima e realização no período do parto
O sistema público de saúde do Distrito Federal está se adaptando para atender as novas regras da laqueadura e da vasectomia. Desde o início de março, os procedimentos para a realização de cirurgias de esterilização foram modificados para acatar as alterações na Lei nº 14.443/2022, mais conhecida como Lei do Planejamento Familiar.
A modificação na lei tem três grandes mudanças. A primeira é a diminuição da idade mínima para homens e mulheres, reduzida de 25 para 21 anos ou qualquer idade para quem tem dois filhos vivos.
A outra é a permissão para que a laqueadura – em que as trompas uterinas são “cortadas”, com a intenção de impedir o encontro dos espermatozoides com os óvulos – seja realizada durante o período do parto (cesariana ou parto normal).
A lei também dispensa o consentimento do cônjuge, mas obriga a manifestação do desejo do (a) paciente por escrito com a assinatura do termo de consentimento informado (popularmente conhecido como “ata de laqueadura”) com o mínimo de 60 dias de antecedência para o procedimento.
“Agora a cirurgia de laqueadura tubária pode ser feita durante a internação para o parto. Se for cesariana, pode ser realizada na mesma hora. No parto normal, os nossos hospitais estão em fase de adaptação para fazer o procedimento aproveitando a internação da paciente”, explica a ginecologista e obstetra Marta de Betânia, referência técnica distrital nessa área.
As adaptações estão ocorrendo principalmente para que a saúde do DF consiga incluir o procedimento no pós-parto normal. “Os serviços estão se organizando para isso, porque o procedimento também envolve outros profissionais, como os anestesistas e a enfermagem”, completa.
No caso do parto normal, as pacientes podem passar pela cirurgia preferencialmente entre seis e 72 horas após dar à luz, por questões que envolvem a técnica cirúrgica do procedimento, quando o útero da mulher ainda está mais alto (na altura do umbigo) para a execução da técnica da laqueadura periumbilical.
O novo entendimento da regra gera benefícios para a mulher e também para a rede pública. “Ela não precisará retornar [ao hospital] e gerar uma nova internação, o que diminui os custos com a internação. Também evita um novo período de recuperação e, consequentemente, novo afastamento da mulher”, comenta a médica.
Mudanças para as mulheres
A mulher que deseja fazer uma laqueadura deve procurar a unidade básica de saúde (UBS) mais próxima de sua residência e manifestar o interesse. A paciente será encaminhada para o programa de planejamento familiar, onde receberá aconselhamento sobre todos os métodos contraceptivos disponíveis, incluindo os não definitivos (reversíveis) – como camisinha, diafragma e espermicida – e os de longa duração – a exemplo do dispositivo intrauterino (DIU) e contraceptivos hormonais orais e injetáveis.
Caso a pessoa decida seguir com o procedimento cirúrgico de laqueadura tubária, terá que assinar um termo de consentimento informado com antecedência mínima de 60 dias. Apenas a assinatura da paciente é necessária. “Não precisa da autorização do parceiro. Antes, estava escrito na lei que precisava, porém já havia decisões judiciais [ações diretas de inconstitucionalidade] que dispensavam essa obrigatoriedade”, explica a médica.
É necessário um intervalo de 60 dias da manifestação do desejo por escrito e a cirurgia, que vale tanto para os casos a serem realizados após o parto quanto para as laqueaduras eletivas feitas em mulheres que não estão grávidas. “A gente orienta que seja uma decisão muito bem-pensada, porque existe um alto índice de arrependimento diante de um procedimento irreversível, na grande maioria dos casos”, comenta Marta de Betânia.
Como os procedimentos fora da gestação são eletivos, a paciente, nesses casos, precisa fazer exames ginecológicos de rotina, incluindo o exame preventivo para câncer do colo do útero, e ser examinada pelo médico ou o enfermeiro de família. “Então ela vai ser encaminhada e regulada para o ambulatório de cirurgia ginecológica na atenção secundária ou hospitalar. Vai passar pela consulta com o ginecologista, ser avaliada clinicamente, solicitar o pré-operatório e ser inserida na lista de cirurgias no sistema de regulação [Sisreg III] ”, descreve a ginecologista.
O DF conta com 11 unidades hospitalares que realizam a laqueadura como cirurgia eletiva: Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), Hospital Regional da Asa Norte (Hran), Hospital Regional de Taguatinga (HRT), Hospital Regional de Samambaia (HRSam), Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), Hospital Regional de Ceilândia (HRC), Hospital Regional de Sobradinho (HRS), Hospital da Região Leste (HRL ou Hospital do Paranoá) e Hospital Universitário de Brasília (HUB). Na situação da laqueadura pós-parto, todas as 12 maternidades do DF podem executar esse procedimento, além dos 11 hospitais listados e do Hospital Regional de Planaltina (HRPL).

O que muda para os homens
No que tange à urologia, há apenas duas mudanças que se destacam na realização da vasectomia (cirurgia em que os canais deferentes, aqueles que levam para a uretra os espermatozoides, são cortados): a redução da idade mínima e o fim da exigência do consentimento expresso de ambos os cônjuges com firma reconhecida.
“Como não há mais essa exigência, a lei dá mais autonomia. Mas é importante dizer que também vale para os homens o prazo de 60 dias da manifestação da vontade até a realização efetiva do procedimento, para que a decisão seja mais madura”, avalia o urologista Álvaro Canuto, referência técnica distrital em urologia.
A porta de entrada dos homens que desejam fazer a vasectomia também é a unidade básica de saúde. “Lá eles vão passar por uma triagem e receber a documentação necessária. A lei exige e prevê que eles passem por palestras sobre contracepção de maneira geral. Só depois dessa participação e da documentação é que o paciente será referenciado, e será solicitado o agendamento no serviço de urologia hospitalar”, comenta Canuto.
Após a passagem pela atenção primária, o paciente é encaminhado para o hospital regional. A cirurgia é realizada nos oito locais com setor de urologia: Hospital Regional de Gama (HRG), Hospital de Base (HB), Hran, HRC, HRL, HRS, HRT e HRSM. Apesar de não ter a especialidade, o Hospital de Samambaia também faz o procedimento.
Com informações da Agência Brasília
Fonte: Jornal de Brasilia
Saúde
Oncofertilidade é destaque em congresso internacional de reprodução assistida nos Estados Unidos
Dr. Alfonso Massaguer, da Clínica Mãe, participou do evento em San Antônio e traz as principais tendências apresentadas ao longo de cinco dias de programação científica
Créditos: Pixabay
O congelamento de óvulos e embriões como estratégia fundamental para preservar a fertilidade de pacientes oncológicos foi um dos principais temas debatidos no congresso da Sociedade Americana de Reprodução Assistida, realizado entre os dias 25 e 29 de outubro em San Antonio, no Texas. O Dr. Alfonso Massaguer, especialista em reprodução humana e diretor da Clínica Mãe, em São Paulo, participou do evento e destacou a relevância das discussões apresentadas, especialmente diante do aumento expressivo de casos de câncer em jovens.
“O congresso trouxe avanços importantes em diversas áreas da medicina reprodutiva, mas a oncofertilidade ganhou destaque especial este ano. O evento reforçou que devemos pensar no futuro reprodutivo das pessoas diagnosticadas com câncer. Congelar óvulos, embriões ou sêmen são opções que devemos apresentar. Elas trarão mais segurança e perspectiva de futuro. Precisamos divulgar mais isso”, afirma o Dr. Massaguer.
A ênfase na oncofertilidade durante o congresso reflete uma preocupação global com o aumento de diagnósticos de câncer em adultos com menos de 50 anos. No Brasil, dados do Sistema Único de Saúde (SUS) revelam um crescimento de 284% nos casos nessa faixa etária entre 2013 e 2024, saltando de 45,5 mil para 174,9 mil diagnósticos anuais. O câncer de mama lidera as estatísticas entre mulheres jovens, com alta de 45% no período e mais de 22 mil novos casos anuais em pacientes de até 50 anos.
“A oncofertilidade é uma área que une a oncologia e a medicina reprodutiva com o objetivo de preservar a fertilidade de pacientes que passarão por tratamentos oncológicos”, explica o Dr. Massaguer. “É fundamental que a paciente, ao receber o diagnóstico de câncer, seja informada sobre os riscos à sua fertilidade e as opções disponíveis para preservá-la. Essa conversa deve acontecer o mais rápido possível, antes mesmo do início do tratamento oncológico.”
Durante os cinco dias de programação científica, o congresso também abordou outros temas relevantes para a medicina reprodutiva. A análise genética de casais inférteis foi apresentada como uma ferramenta importante na avaliação e no planejamento familiar, permitindo diagnosticar e prevenir doenças graves até mesmo nos futuros bebês. A síndrome dos ovários policísticos, uma das principais causas de infertilidade feminina, também foi amplamente debatida, assim como as causas variadas da perda gestacional recorrente, tema que continua desafiando especialistas em todo o mundo.
O Dr. Massaguer ressalta que o congelamento de óvulos é a técnica mais segura e estabelecida para mulheres que serão submetidas a tratamentos oncológicos. “Os óvulos são coletados e congelados por meio de uma técnica chamada vitrificação, que garante altas taxas de sobrevida após o descongelamento. Uma vez que a paciente esteja curada e liberada por seu oncologista, esses óvulos podem ser utilizados em um tratamento de fertilização in vitro para gerar uma gravidez.”
O tempo é um fator crucial na oncofertilidade. O procedimento de coleta e congelamento de óvulos pode ser realizado em cerca de duas semanas, período que não compromete o início do tratamento oncológico. “A jornada do câncer já é suficientemente desafiadora. Oferecer à mulher a possibilidade de planejar seu futuro reprodutivo traz um alento e uma perspectiva de vida após a doença”, ressalta o médico.
Além do congelamento de óvulos, outras técnicas de preservação da fertilidade foram apresentadas no congresso, como o congelamento de tecido ovariano e o congelamento de embriões. “A escolha da melhor estratégia é individualizada e deve ser discutida entre a paciente, o oncologista e o especialista em reprodução humana”, finaliza o Dr. Massaguer.
Sobre o Congresso da Sociedade Americana de Reprodução Assistida
O congresso anual da Sociedade Americana de Reprodução Assistida é um dos eventos científicos mais importantes da área de medicina reprodutiva no mundo, reunindo especialistas, pesquisadores e profissionais de saúde para discutir os avanços mais recentes em fertilidade, reprodução assistida e saúde reprodutiva.
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